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23 de dezembro de 2008

Jornalista atira sapato no Presidente Bush

Em uma visita à Bagdá o presidente George W. Bush quase levou um presente inesperado. Em uma entrevista coletiva junto com primeiro ministro iraquiano Nuri al-Maliki, um jornalista atirou dois sapatos e também o xingou de cachorro. Bush foi a Bagdá em um visita surpresa de despedida, já que deixa o governo em janeiro de 2009.

Este acontecimento, claro, tornou-se uma febre, não só na internet, mas também nos mais variados meios de comunicação e, obviamente, atiçou a criatividade de muitos cartunistas e humoristas que souberam aproveitar bem este momento, assim como muitos colunistas. Por isso, eu não poderia deixar essa passar. Confiram:








Também já temos disponível na rede joguinhos como “Sapatadas da Vingança” (http://charges.uol.com.br/) onde podemos praticar nossa pontaria! O final achei bem engraçado, por sinal!


E não poderia faltar as famosas charges e tirinhas...



No "Metro" desta quinta-feira, dia 18 de dezembro, foi publicado um texto de Rodrigo Leão (diretor de criação da Casa Darwin) que eu gostei muito e quero compartilhar com vocês. Confiram...


Homem-barata contra o Sapato voador
A grande pergunta desta semana é a seguinte: seria o jornalista iraquiano Muntazer al-Zaidi muito ruim de mira ou seria o presidente americano George W. Bush ágil como um jovem lutador de boxe mexicano?
Quando resolveu arremessar seus sapatos na cara do americano, o repórter al-Zaidi certamente considerou as conseqüências de seu ato. Talvez isso tenha abalado a sua mira. Segundo seu irmão declarou à BBC, desde o atentado (que nome se dá a um atentado com um sapato? Sapateado?) o repórter já teria ficado com as mãos e as costelas quebradas, teria sofrido hemorragia interna e teria ficado com o olho danificado pelas sistemáticas surras a que teria sido submetido na prisão (que ninguém sabe onde fica, bem ao estilo George W. Bush). Mas, convenhamos, faltou frieza. Faltou a paradinha na marca do pênalti. Faltou a malícia do craque. Muntazer al-Zaidi é o Paolo Rossi da sapatada. Quando errou a pontaria, lançou contra a parede as esperanças de todo o planeta.
Perdemos assim a chance do “grand finale” perfeito, o terceiro ato que fecharia o círculo do drama que foram estes oito anos, o atentado perfeito — à altura da dignidade que Bush emprestou ao cargo eletivo mais importante do mundo: a de uma barata.
Mas examinemos a segunda hipótese: a de que Bush, como as baratas, é realmente um ser extraordinário, um habilidoso sobrevivente, capaz de fintar qualquer ataque seja com sapato, tamanco ou inseticida em spray. Nesse caso, foi ingenuidade do repórter iraquiano imaginar, acertaria um picareta que cresceu se esquivando dos estudos e da lei, que se esquivou do alistamento obrigatório quando fugiu da Guerra do Vietnã e da recontagem auditada de votos na curiosa eleição de 2000. Ora, se tem uma coisa, a única coisa que G. W. Bush sabe fazer direito na vida é se esquivar. Como Oscar de la Hoya, que poderia ter fechado sua carreira no boxe com chave de ouro, Muntazer al-Zaidi deixa o ringue como um perdedor por ter subestimado seu adversário.
Sabemos todos que só uma condenação na corte internacional para criminosos de guerra poderia fazer justiça à Bush. Mas sabemos também que isso não vai acontecer nunca com um presidente americano. Porém, agora que Muntazer al-Zaidi deu o exemplo, não seria nada mal se por todos os lugares que passasse, pelo resto de sua vida na terra, George ‘Walker’ Bush, fosse recebido sempre com sapatadas. Sapatos de todos os tipos, tamanhos e formas sempre voando em sua direção sem nunca dar-lhe um segundo sequer de paz. O destino perfeito para essa barata que foi longe demais.

Rodrigo Leão
popprop.wordpress.com




E mais tirinha...

8 de dezembro de 2008

Estou cansado!

Cansei! Entendo que o mundo evangélico não admite que um pastor confesse o seu cansaço. Conheço as várias passagens da Bíblia que prometem restaurar os trôpegos. Compreendo que o profeta Isaías ensina que Deus restaura as forças do que não tem nenhum vigor. Também estou informado de que Jesus dá alívio para os cansados. Por isso, já me preparo para as censuras dos que se escandalizarem com a minha confissão e me considerarem um derrotista. Contudo, não consigo dissimular: eu me acho exausto.

Não, não me afadiguei com Deus ou com minha vocação. Continuo entusiasmado pelo que faço; amo o meu Deus, bem como minha família e amigos. Permaneço esperançoso. Minha fadiga nasce de outras fontes.

Canso com o discurso repetitivo e absurdo dos que mercadejam a Palavra de Deus. Já não agüento mais que se usem versículos tirados do Antigo Testamento e que se aplicavam a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio. Essa possibilidade mágica de reverter uma realidade cruel me deixa arrasado porque sei que é uma propaganda enganosa. Cansei com os programas de rádio em que os pastores não anunciam mais os conteúdos do evangelho; gastam o tempo alardeando as virtudes de suas próprias instituições. Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração; todas visando exclusivamente encher os seus templos. Considero os amuletos evangélicos horríveis. Cansei de ter de explicar que há uma diferença brutal entre a fé bíblica e as crendices supersticiosas.

Canso com a leitura simplista que algumas correntes evangélicas fazem da realidade. Sinto-me triste quando percebo que a injustiça social é vista como uma conspiração satânica, e não como fruto de uma construção social perversa. Não consideram os séculos de preconceitos nem que existe uma economia perversa privilegiando as elites há séculos. Não agüento mais cultos de amarrar demônios ou de desfazer as maldições que pairam sobre o Brasil e o mundo.

Canso com a repetição enfadonha das teologias sem criatividade nem riqueza poética. Sinto pena dos teólogos que se contentam em reproduzir o que outros escreveram há séculos. Presos às molduras de suas escolas teológicas, não conseguem admitir que haja outros ângulos de leitura das Escrituras. Convivem com uma teologia pronta. Não enxergam sua pobreza porque acreditam que basta aprofundarem um conhecimento “científico” da Bíblia e desvendarão os mistérios de Deus. A aridez fundamentalista exaure as minhas forças.

Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual. Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais.

Cansei de ouvir relatos sobre evangelistas estrangeiros que vêm ao Brasil para soprar sobre as multidões. Fico abatido com eles porque sei que provocam que as pessoas “caiam sob o poder de Deus” para tirar fotografias ou gravar os acontecimentos e depois levantar fortunas em seus países de origem.

Canso com as perguntas que me fazem sobre a conduta cristã e o legalismo. Recebo todos os dias várias mensagens eletrônicas de gente me perguntando se pode beber vinho, usar “piercing”, fazer tatuagem, se tratar com acupuntura etc., etc. A lista é enorme e parece inexaurível. Canso com essa mentalidade pequena, que não sai das questiúnculas, que não concebe um exercício religioso mais nobre; que não pensa em grandes temas. Canso com gente que precisa de cabrestos, que não sabe ser livre e não consegue caminhar com princípios. Acho intolerável conviver com aqueles que se acomodam com uma existência sob o domínio da lei e não do amor.

Canso com os livros evangélicos traduzidos para o português. Não tanto pelas traduções mal feitas, tampouco pelos exemplos tirados do golfe ou do basebol, que nada têm a ver com a nossa realidade. Canso com os pacotes prontos e com o pragmatismo. Já não agüento mais livros com dez leis ou vinte e um passos para qualquer coisa. Não consigo entender como uma igreja tão vibrante como a brasileira precisa copiar os exemplos lá do norte, onde a abundância é tanta que os profetas denunciam o pecado da complacência entre os crentes. Cansei de ter de opinar se concordo ou não com um novo modelo de crescimento de igreja copiado e que vem sendo adotado no Brasil.

Canso com a falta de beleza artística dos evangélicos. Há pouco compareci a um show de música evangélica só para sair arrasado. A musicalidade era medíocre, a poesia sofrível e, pior, percebia-se o interesse comercial por trás do evento. Quão diferente do dia em que me sentei na Sala São Paulo para ouvir a música que Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs sobre os últimos capítulos do Evangelho de São João. Sob a batuta do maestro, subimos o Gólgota. A sala se encheu de um encanto mágico já nos primeiros acordes; fechei os olhos e me senti em um templo. O maestro era um sacerdote e nós, a platéia, uma assembléia de adoradores. Não consegui conter minhas lágrimas nos movimentos dos violinos, dos oboés e das trompas. Aquela beleza não era deste mundo. Envoltos em mistério, transcendíamos a mecânica da vida e nos transportávamos para onde Deus habita. Minhas lágrimas naquele momento também vinham com pesar pelo distanciamento estético da atual cultura evangélica, contente com tão pouca beleza.

Canso de explicar que nem todos os pastores são gananciosos e que as igrejas não existem para enriquecer sua liderança. Cansei de ter de dar satisfações todas as vezes que faço qualquer negócio em nome da igreja. Tenho de provar que nossa igreja não tem título protestado em cartório, que não é rica, e que vivemos com um orçamento apertado. Não há nada mais desgastante do que ser obrigado a explanar para parentes ou amigos não evangélicos que aquele último escândalo do jornal não representa a grande maioria dos pastores que vivem dignamente.

Canso com as vaidades religiosas. É fatigante observar os líderes que adoram cargos, posições e títulos. Desdenho os conchavos políticos que possibilitam eleições para os altos escalões denominacionais. Cansei com as vaidades acadêmicas e com os mestrados e doutorados que apenas enriquecem os currículos e geram uma soberba tola. Não suporto ouvir que mais um se auto-intitulou apóstolo.

Sei que estou cansado, entretanto, não permitirei que o meu cansaço me torne um cínico. Decidi lutar para não atrofiar o meu coração.

Por isso, opto por não participar de uma máquina religiosa que fabrica ícones. Não brigarei pelos primeiros lugares nas festas solenes patrocinadas por gente importante. Jamais oferecerei meu nome para compor a lista dos preletores de qualquer conferência. Abro mão de querer adornar meu nome com títulos de qualquer espécie. Não desejo ganhar aplausos de auditórios famosos.

Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesia para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai.

Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a mudar a sua agenda; romper com as estruturas religiosas que sugam suas energias; voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa.

Soli Deo Gloria.
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